O Brasil é mais violento que o Oriente Médio
30/10/12 08:04A violência no Brasil, persistente e indomável, é assustadora até para quem vive em áreas de guerra declarada.
Recentemente passei uma semana de férias no Brasil e, como sempre, a pergunta que mais ouvi foi: “Você não tem medo de morar no Oriente Médio?”. Em seguida, quase no mesmo fôlego, me contavam sobre algum assalto, arrastão, sequestro, homicídio, ou alguma outra modalidade de crime que virou rotina no Brasil. A quantidade de mortes violentas é comparável ou maior que em regiões de conflito. E o Oriente Médio é que é perigoso?
Em sua coluna de hoje na Folha, Clóvis Rossi chama a atenção para o problema com a argúcia habitual e o misto de indignação e espanto que o tema desperta. No Brasil, lembra Rossi, “inexistem os fatores agravantes”, étnicos, geopolíticos e religiosos, de um conflito como o do Afeganistão, “exceto uma clivagem social obscena. Mas, se dizem que ela está diminuindo, como explicar que não diminua também a violência, se valesse a teoria de que a criminalidade é decorrência predominantemente de fatores sociais?”
Os números falam por si. Segundo um estudo do Instituto Sangari, os homicídios no Brasil tiveram aumento de 259% nos últimos 30 anos anos, apesar da ascensão econômica do país. Em 2010 foram 49,9 mil homicídios. Para efeito de comparação, é menos que em um ano e oito meses de guerra civil sangrenta na Síria, que já deixou cerca de 30 mil mortos.
O descalabro brasileiro supera em vítimas os piores conflitos somados. De acordo com o estudo, a média anual de mortes por homicídio no Brasil é maior que a de vítimas de enfrentamentos armados no mundo. Entre 2004 e 2007, 169,5 mil pessoas morreram nos 12 maiores conflitos mundiais. No Brasil, o número de mortes por homicídio no mesmo período foi 192,8 mil.
Já fui a quase todas as capitais do Oriente Médio e nunca senti a insegurança das grandes cidades brasileiras. Em nenhum país da região os motoristas andam sempre de janelas fechadas, como no Brasil. Vidros escurecidos nos carros, uma horrenda moda no Brasil, são inexistenses. Carros blindados são coisa para chefes de Estado e chefões da máfia.
Cobri guerras e estive em situações perigosas, mas é outro tipo de insegurança. Mesmo nas guerras civis, como na Líbia e na Síria, a linha de frente é de alguma forma delimitada. No Brasil, o front é onipresente.
Alguns dias antes de eu deixar o Brasil, um relato de arrepiar foi publicado por Eliane Catanhêde em sua coluna na Folha. Uma perseguição em alta velocidade, bandidos armados fazendo cavalo de pau na madrugada de Brasília, ameaças, tudo para roubar o carro da jornalista. Coisa de cinema, até para quem mora num lugar que virou sinônimo mundial de violência, a faixa de Gaza.
Na minha última visita a Gaza, um amigo veio me contar, visivelmente impressionado, sobre um filme brasileiro que tinha acabado de ver. Me encheu de perguntas, estava chocado com o nível de violência e queria saber se era verdade ou ficção. O filme era Tropa de Elite. Expliquei como pude, sem botar panos quentes. Contei que a situação melhorara no Rio com as UPPs e mencionei como curiosidade que um dos pontos mais violentos da cidade, no Complexo da Maré, tinha o apelido de faixa de Gaza. O amigo ficou indignado…
O jornalista local que me ajudou na produção das reportagens em Gaza, circulava com um reluzente Rolex no pulso, que garantia ser verdadeiro. No Brasil alguém tem coragem?
Jerusalém, o epicentro do conflito israelense-palestino, é hoje uma das cidades mais seguras que conheço. É possível andar na rua a qualquer hora sem medo de assalto. O mesmo em Beirute, famosa pela guerra civil e, no passado mais recente, pelos carros-bomba. No Cairo, onde a segurança piorou depois da revolução, com a debandada da polícia, ainda fico muito mais tranquilo caminhando pelas ruas de madrugada do que no Rio ou São Paulo.
No Rio, onde todos me dizem que a situação melhorou, peguei um táxi na zona sul e o motorista não tinha troco para uma nota de R$ 50. A explicação: com medo de assalto, prefere não andar com muito dinheiro. A que ponto chegamos.
Não tenho nenhuma intenção de glorificar o Oriente Médio, uma região cheia de irracionalidade e violência sem sentido: tensões sectárias, intolerância religiosa, extremismos e divisões tribais. Disso estamos livres, felizmente. Mas bem que eu gostaria de poder abrir a janela do carro quando estou no Rio ou em São Paulo.
Não cpnsigo compreender como nós, brasileiros, chegamos nesse ponto de tanta permissividade. Não vejo reação alguma.
Não há comparação, em si tratando de um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza ! Com suas praias, lindo sol, montanhas, vale e um maravilhoso clima. O que está faltando a essa gente tão agraciada p/ bondade natural? paz, amor, tolerância, fé respeito e misericórdia -VALORES que não estão a venda em nenhum mercado.Fazer s/ parte é nosso papel. Bons Votos p/ nós e as fronteiras mundiais. As vibrações contam. Façamos isso de forma vulcânica. OS.
No Brasil as maiores causas da violência não são a pobreza ou a desigualdade social e sim uma lei penal que não condiz com a realidade atual, uma Justiça Fraca e falha e a impunidade que reina por todos os cantos do país! Os países do Oriente médio também tem extrema pobreza e desigualdede mas diferente daqui os níveis de violência são baixissimos pois a punição é pesadissima!!
O Brasil na verdade tem leis duras, porém, o grande problema é a ineficácia de sua aplicação e fiscalização. Perguntado a um juiz de direito onde a lei era mais dura, se aqui ou nos EUA, ele disse que era aqui no Brasil. O grande problema é a aplicação. Também tenho tido muito medo de ir para a cidade de São Paulo com essa onda de ataques, principalmente a policiais. A vida perdeu seu valor único e está cada vez ais barata nas mãos dos criminosos.
Bom dia. Sem querer negar o fato de o Brasil ser violento, a comparação com o Oriente Médio é irreal. O número de homicídios é alarmante, mas ocorre em uma população de cerca 200 milhões de pessoas. A Síria tem número próximo de homicídios em população de cerca de 20 milhões…
Leandro, comparações desse tipo sempre são imprecisas, não só pelas proporções, mas pelas realidades políticas e culturais totalmente diferentes. Mas o fato é que o Brasil ocupa o primeiro lugar em homicídios em números absolutos (segundo estudo da ONU), que superam todos os conflitos somados. Por isso a comparação. É chocante que a violência no Brasil continue a níveis intoleráveis e incompreensível até para especialistas. Uma observação importante sobre a comparação, que faltou no meu post: é verdade que a segurança nos países árabes foi mantida em grande parte à custa de repressão, intimidação e tortura, entre outras práticas odiosas dos ditadores que estavam no poder. É de se esperar que haja um período inicial de aumento da insegurança nos países da Primavera Árabe, mas dificilmente o número de homicídios se igualará ao do Brasil (mesmo que proporcionalmente às populações). Nenhum país deveria ter que escolher entre democracia e segurança. No Brasil, mesmo após 20 anos de redemocratização, o direito básico de ir e ver continua seriamente comprometido pela insegurança.
Os numeros falam por si. Temos muitos exemplos para comparar, no Vietnã morreram 10.000 soldados americanos em 10 anos, aqui morre essa quantidade só no transito.
Eu e minha mulher moramos em SP, ja tivemos 3 carros roubados , 1 moto Honda, uma tentativa na moto BMW, com um tiro no pescoço (marcas dessa violencia e desse sentimento de impunidade que sentimos em nosso brasil), uma Bike no guaruja,etc .. Não saimos tranquilos mais para nada. É uma inseguranca total . A 20 anos atras bandido cobria o rosto para não ser descoberto , hj não estão preocupados pois sabem que se forem presos irão sair rapidamente….
é muito triste td que esta acontecendo..enquanto existir a impunidade e o corporativismo barato so temos a perder
triste brasil
idem quando perguntam aos decásseguis porque preferem morar no Japão em vez do Brasil mesmo com os terremotos
infelizmente, este tipo de matéria verdadeira, é deixada de lado, para dar lugar a mentiras como a copa no Brasil, onde se diz que este país é alegre. Esses que são assassinados todos os dias devem ter família…
infelizmente, este tipo de matéria verdadeira, é deixada de lado, para dar lugar a mentiras como a copa no Brasil, onde se diz que este país é alegre. Esses que são assinados todos os dias devem ter família…
A nossa cidade Rio de Janeiro é violenta. Agora compara com o Oriente médio é loucura. Sensacionalismo barato. Julgar uma cidade sem conhecer ela a fundo se chama injustiça. Tanto é que nossa cidade recebe milhares de estrangeiros loucos por morar aqui e trabalhar aqui, e vem um jornalista falar uma besteira dessa e geral bate palma? Vai na terra dele e fala isso e publica no jornal pra ver o que acontece?
Marcos, leia de novo a matéria, o jornalista é brasileiro, a terra dele é aqui, ele está publicando é num jornal da terra dele sim… E ele mora no Oriente Médio, conhece lá e cá, pode muito bem fazer a comparação que está fazendo, não tem nada de loucura. Você já esteve lá? Eu já estive em Jerusalém e em algumas outras cidades por lá, e concordo com ele, me senti muito mais seguro lá do que no Rio, que também conheço razoavelmente bem.
Segundo Instituto que? Tá legal vou levar o cara q fez essa matéria pra dar um rolé na faixa de gaza…
Antonio, leia a mztéria com atenção,o cara é brasileiro mas mora no Oriente Médio, ele sabe do que está falando, ele é quem pode levar você para um rolé lá…
Quando falam que há uma guerra civil no Brasil alguns acham exagero? E a culpa disso é de quem?
Desigualdade social.
É exatamente o que penso toda vez que algum parente ou amigo brasileiro se espanta ao saber que moro na “violenta” Beirute…