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Marcelo Ninio

No Oriente Médio

Perfil Marcelo Ninio é correspondente em Jerusalém

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Gaza, um mundo à parte

Por Marcelo Ninio
13/07/12 11:17

     

O “tapete vermelho” de Gaza: sem luz no fim do túnel (Foto: Marcelo Ninio)

GAZA – Um longo corredor gradeado faz a ligação entre o terminal israelense de Erez com a faixa de Gaza. A caminhada de mais de um quilômetro é solitária. O “tapete vermelho” (foto), com os moradores de Gaza ironicamente chamam o caminho, devido à coloração do piso, está vazio. Quem tem dificuldade para caminhar, agora pode fazer o percurso num carrinho de golfe, doado pela Turquia há poucas semanas.

Antes do bloqueio imposto em 2007 pelo  governo israelense, quando o grupo islâmico assumiu o controle de Gaza, milhares de trabalhadores se aglomeravam no corredor todos os dias a caminho do trabalho em Israel. O resultado foi desemprego em massa. Segundo a ONU, 80% dos moradores de Gaza dependem de ajuda humanitária.

Cinco anos depois, uma situação que parecia temporária virou o status quo. O Hamas age como governo e a divisão palestina é mais profunda do que nunca. O mais recente símbolo de soberania do grupo islâmico é a exigência de visto para estrangeiros que entram em Gaza. São poucos os que tem autorização de Israel para entrar, basicamente jornalistas, diplomatas e funcionários de organizações internacionais. O primeiro hotel cinco estrelas de Gaza, aberto no ano passado, está às moscas. 

As duas Palestinas são, cada vez mais, mundos à parte. Na Cisjordânia, o governo é secular, bebidas alcoólicas são servidas em restaurantes e há relações diplomáticas com o mundo. Em Gaza, o regime é islâmico e a sensação de isolamento é marcante. Até as placas de carros são diferentes. Recentemente, o Hamas criou a sua própria (foto), com a bandeira da Palestina. Entre os jovens, a maioria jamais saiu do pequeno território. O mundo é conhecido por meio da TV e da internet, as principais fontes de entretenimento, além da praia.

Placa de Gaza, mais um símbolo de soberania do Hamas (Foto: Marcelo Ninio)

A solução de dois Estados para o conflito entre Israel e os palestinos é um sonho distante. Na prática, hoje há três Estados que mal se falam e ninguém vê luz no fim do túnel.

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Comentários

  1. Fabio de Israel comentou em 25/07/12 at 6:07

    A unica solucao para Gaza e a eliminacao
    do Hamas ,militarmente falando,sem isto,
    sonho de verao,ou Primavera Arabe neles,
    como na Siria.esta e a solucao.Israel
    vai retomar Gaza de volta,e questao de tempo.

  2. Lau Limor comentou em 17/07/12 at 20:25

    É largamente sabido que, além da questão de segurança (ou de sobrevivência, como afirmam os nacionalistas), Israel jamais abrirá mão da Samária e da Judéia (Margem Ocidental para os Palestinos) onde se situam suas prósperas colônias e vários e importantes sítios históricos e sagrados do Judaísmo. Além disso, do Rio Jordão dependem quase a totalidade dos recursos hídricos do Estado Hebreu e, por último resta a questão de Jersusalém cuja divisão nenhum judeu quer sequer sonhar. Por outro lado, os Palestinos não parecem dispostos a abrir mão de suas demandas e muito menos da Jerusalém Oriental que desejam tornar a capital do Estado que querem criar. Dessa forma, “dois Estados para dois povos” parece quimera ou um sonho inalcançavel e os dois lados sabem disso.

    Estamos num impasse insolúvel?
    Nem tanto! Porque ao final restará ainda uma alternativa, a única e última alternativa válida, ou seja, a velha proposta do Estado bi-nacional, democrático e laico. Em outras palavras, todo o Estado de Israel-Palestina para as duas nações. Os dois povos deverão abrir mão de seus sonhos e ilusões particulares, botar os pés no chão e olhar para o único horizonte à frente, o da partilha do mesmo chão. Essa é a idéia.

    • Raphael Boaz Levay comentou em 20/07/12 at 20:46

      O estado binacional vai depender da disposição dos judeus ortodoxos e nacionalistas de abandonarem seus ideais sionistas, dos laicos perderem o medo visceral e fantasioso dos árabes palestinos e dos próprios palestinos abandonarem definitivamente seus complexos e passarem a enxergar os judeus israelenses como parceiros com quem poderão negociar, partilhar conhecimentos e crescer, ao invés de inimigos a ser temidos e destruídos. Não é, de longe, um plano a ser desprezado. Vide a África do Sul de brancos e negros e a India de indus e muçulmanos, ambas binacionais.

    • Luciano Vilella comentou em 22/07/12 at 0:05

      Realmente, quando o governo israeli acelera novas construções nos seus assentamentos e na Jerusalém Leste, está automaticamente condenando ao fracasso o plano de “dois estados para dois povos” que hoje ainda seria factível, talvez. O que restará no final? Um estado para dois povos, o dificílimo estado binacional.

  3. Eurico Ferreira Jr. comentou em 17/07/12 at 0:08

    Marcelo, você diz: “O Hamas age como governo…” Como assim? O Hamas É governo, foi eleito democraticamente pela maioria da população de Gaza. Em sua resposta ao leitor Neco, você diz que “por motivos de segurança Israel criou uma zona-tampão…” Motivos de segurança? Quer dizer, então, que Israel fecha as fronteiras do país, impede a população de entrar ou sair, impõe um bloqueio econômico e constroi esse túnel ridículo para controlar o acesso das pessoas porque se sente ameaçado? Procure ler mais, Marcelo. Essa questão Israel-Palestina é muito complexa e exige atenção e precisão por parte do jornalista. Você percebeu que ninguém entendeu o seu texto? A Faixa de Gaza, infelizmente, é um assunto praticamente banido da mídia. Você está com a faca e o queijo na mão para produzir um material jornalístico sem concorrência no Brasil. Não perca essa oportunidade!

    • Marcelo Ninio comentou em 18/07/12 at 22:42

      Eurico, os motivos que Israel alega são de segurança, você pode ou não concordar. Quanto ao Hamas, foi eleito democraticamente em 2006 e no ano seguinte tomou o poder à força, expulsando o Fatah de Gaza e impondo um regime islâmico que não admite dissidências. Leitura é sempre importante, quanto mais melhor, mas a vivência é insubstituível. Acompanhei em Gaza a vitória do Hamas em 2006 e voltei lá diversas vezes desde então. A insatisfação da população é cada vez maior. Mesmo pessoas próximas ao Hamas admitem que o grupo não está interessado em reconciliação ou novas eleições, a prioridade é garantir a permanência no governo. O bloqueio israelense é um grande vilão e deixou milhares de desempregados em Gaza, mas também trouxe benefícios para o Hamas e o ajudou a consolidar-se no poder. Você tem razão, age como governo porque é governo. O melhor seria eu ter dito: age como país soberano. É o país do Hamas.

    • Benny Assayag comentou em 20/07/12 at 20:29

      Nossa! Senti-me pequeno. Pequeno, não. Muito pequeno, quase arrasado até, depois de ler o comentário do Sr. Eurico Ferreira Junior em que manda o colunista ler mais. Se o Marcelo, que escreve tão bem, que cria matérias incríveis e que com muita sensibilidade e competência traz a realidade viva do Oriente Médio até nossa sala de estar precisa ler, eu então preciso o quê? Provavelmente, voltar pro ginásio lá da minha terra e começar tudo de novo. Ai, meu Deus, que loucura! A propósito, a matéria sobre o tal túnel da passagem de Erez pareceu-me até bastante clara e por demais explicativa. A foto foi de grande ajuda, haja vista tratar de um tema que a mídia raramente aborda a menos que ocorra no local um atentado qualquer ou a queda de um Kassam desavisado.

  4. Rogerio Amorim comentou em 13/07/12 at 21:21

    que reportagem mais…esse tunel liga o que a quê?entendi nada.

    • Benny Assayag comentou em 17/07/12 at 20:35

      A porta do terminal de Erez, como já foi dito acima, situa-se na fronteira entre o Estado de Israel e a Faixa de Gaza e é ali que está localizado o túnel objeto desta matéria. Antes das intifadas e da tomada de Gaza pelo Hamas milhares de Palestinos passavam por ali de manhã cedo para trabalhar em Israel e de tarde voltavam para suas casas na Faixa de Gaza. Atualmente, com o bloqueio, pouquíssimas pessoas são autorizadas a cruzar a fronteira e ninguém passa de um lado para o outro sem autorização expressa e cerrada supervisão dos órgãos de segurança israelenses.

  5. Raquel comentou em 13/07/12 at 18:25

    Pois que sejam dois, pois que sejam tres. Certamente, ‘um’, não é.

  6. Neco comentou em 13/07/12 at 18:21

    Até hoje eu não consigo entender como é que pode existir um país formado – em comparação – por Góiás e Acre, com o Mato Grosso no meio. Isso é pura utopia. Gaza (Israel)Cisjoprdania ???
    Alem disso não entendi o que esse “tapete vermelho” liga entre si. É um corredor cercado que liga que lugar a que lugar?

    • Marcelo Ninio comentou em 14/07/12 at 11:39

      O caminho é a única passagem de pedestres entre Israel e a faixa de Gaza. Por motivos de segurança, Israel criou uma zona-tampão na fronteira, e é nessa “terra de ninguém” que fica o corredor gradeado. Depois de apresentar os documentos ao controle israelense o pedestre percorre esse caminho para entrar em Gaza.

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