Tahrir, a praça da libertação islâmica
24/06/12 22:54CAIRO – A festa que tomou conta do centro do Cairo neste domingo em comemoração à eleição para presidente de Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, só lembrava no tamanho a revolução de fevereiro de 2011. A icônica praça Tahrir (libertação, em árabe) estava completamente lotada, numa maré humana que se espalhou pelas ruas laterais e deu um nó no trânsito da cidade, já normalmente caótico.
A diferença em relação aos protestos que levaram à deposição de Hosni Mubarak é que desta vez não havia a mesma diversidade. Em 2011, muçulmanos, cristãos, seculares, religiosos e partidários de correntes políticas diversas se uniram contra o ditador. Hoje, a maré humana era predominantemente islamita e fazia questão de deixar isso claro. Numa das ruas do centro que foi tomada pela euforia, um grupo de jovens marchava em direção à praça Tahrir quando de repente parou. Numa coreografia espontânea, todos se ajoelharam no chão, na posição tradicional da oração islâmica. Era um show. Em segundos se levantaram e continuaram a algazarra, batendo bumbos e soprando cornetas como uma torcida de futebol.
Enquanto uma metade do país festeja, a outra está deprimida e preocupada. O Egito está totalmente dividido, como mostrou a vitória apertada de Mursi, com 51,7% dos votos. Um casal segurando bandeiras do Egito não escondia a alegria. Quer dizer, ela estava totalmente escondida pelo niqab, a máscara negra dos muçulmanos ultraconservadores, que deixa só os olhos à mostra. Ao lado do marido, o advogado Mostafa Mohamed, 27, disse timidamente que é “mentira da mídia” que as mulheres terão menos liberdades com o primeiro presidente islamita da história do Egito. “Ao contrário, um dos princípios do islã é proteger as mulheres”, me garantiu, sem querer dizer o nome.
Uma garota vestida com uma camiseta do Bob Esponja olhava tudo com ar desconsolado. Emy Ahmed, 25, faz parte de um grupo jovem que fez campanha pelo boicote às eleições. Depois de participar dos protestos contra Mubarak e por democracia, não se conformava em ter que escolher entre um islamita e um membro do antigo regime, o ex-comandante militar Ahmed Shafiq, que perdeu por pouco. “A Irmandade Muçulmana diz que é democrática, mas sabemos que é só uma tática. Pularam no trem da revolução e agora vão tentar transformar o Egito numa teocracia, aos poucos”, disse. Emy sente-se derrotada e está tentando o visto para a Noruega, para onde quer se mudar. “Lá poderei me vestir como quiser”.
Em seu primeiro discurso, Mursi adotou um tom moderado, prometendo proteger os direitos da minoria cristã e das mulheres. Sua vitória por enquanto é principalmente simbólica. Os militares continuam monopolizando o Estado, depois de terem se apropriado por decreto de prerrogativas do presidente e do Parlamento. Mas não deixa de ser histórico: depois de 84 anos de existência, a maior parte deles na clandestinidade política, pela primeira vez a Irmandade Muçulmana passará pelo teste do poder. A metade deprimida dos egípcios tem pouca esperança que o grupo cumpra suas promessas de campanha.
Temo pelos cristãos coptas, pelas mulheres e pelos turistas que segundo um guia já estão deixando de ir ao Egito e causando muito desemprego. Uma das maiores fontes de renda do Egito é o turismo, sem ele a miséria só vai se agravar. Com um estado teocrático pela frente, pobre povo do Egito ainda vai sentir saudades da ditadura de Mubarak.
Sai a ditadura entra os Fascismo
A Irmandade Muculmana veio so para tumultuar mais e empobrecer mais ainda
o Egito.Se isto e a Primaver Arabe,entao
ta.Democracia?????faz-me rir.
Adeus Mubarak!
Adeus Esperança!
Adeus Tahrir! (Libertação)
Duvido que, se o exército deixar, o islamismo radical não vai dominar o Egito como no Irã, na Arábia Saudita e em Gaza, amém!? Quem sabe teremos mais um “santuário islamita”, um emirato islâmico nas “terras sagradas” do Egito/Gaza?
Ah, o gosto doce/amargo da libertação!!!
Se o problema fosse apenas a roupa, seria fácil. Governos teocráticos são antidemocráticos e extremamente perigosos.