Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Marcelo Ninio

No Oriente Médio

Perfil Marcelo Ninio é correspondente em Jerusalém

Perfil completo

O desgosto da oposição síria com o Brasil

Por Marcelo Ninio
18/03/12 17:22

Ammar Al Wawi, capitão do ELS: "Já há uma intervenção estrangeira na Síria" (Foto: Marcelo Ninio)

Visto o casaco e já estou pronto para sair quando Ammar Al Wawi, capitão do Exército Livre da Síria (ELS), me segura pelo braço. “Diga à sua presidente que ela também terá uma revolução no Brasil se continuar apoiando o regime sírio”, avisa e completa com um sorriso. “E que nunca mais torceremos para a seleção brasileira”.

Refugiado na Turquia, como outros milhares de sírios, Wawi, 35, serve como porta-voz do ELS, a milícia rebelde formada principalmente por desertores do Exército. Com o apoio do governo turco, montaram uma base na fronteira e se articulam para derrubar o ditador Bashar Assad. Mas faltam organização, homens e, principalmente, armas para fazer frente às forças do regime, que em um ano de revolta matou mais de 8 mil civis.

Sem sapatos e cercado de exilados sírios, em quase uma hora da entrevista de Wawi à Folha (publicada na versão impressa), a maioria das queixas foi direcionada ao Irã, principal aliado de Assad, Rússia e China, que bloqueiam uma condenação ao regime no Conselho de Segurança da ONU.

Mas sobraram críticas também ao Brasil e outros países que não expressam apoio à revolta. Em uma visita a um dos três campos de refugiados na fronteira, eu já havia ficado surpreso com o nível de informação dos sírios sobre a posição de cada país em relação à crise em seu país.

“Por que seu país votou a favor de Assad no Conselho de Segurança?”, questinou-me um deles à queima-roupa, assim que entrei em sua tenda, equipada com internet e TV por satélite sintonizada na Al Jazeera. Ele se referia à votação no CS no ano passado, quando o Brasil ainda era membro do órgão e se absteve sobre uma resolução condenando a violência do regime Assad.

Wawi, o capitão desertor, sabia detalhes da biografia de Dilma Rousseff que só aumentaram sua decepção. “Ficamos felizes quando ela foi eleita, sabemos que lutou contra a ditadura. Por isso fica difícil entender porque não apoia a nossa revolução”, reclamou.

O desgosto lembra a reação dos rebeldes na Líbia com a proximidade do governo brasileiro com o regime de Muammar Gaddafi e a demora do Brasil em reconhecê-los. Até hoje o novo embaixador não assumiu a embaixada em Trípoli.

Na Síria, o clima é parecido. Quando estive em Damasco, em setembro do ano passado, jovens opositores da periferia de Damasco se preparavam para queimar uma bandeira do Brasil.

Mesmo os países que mais criticam Assad, como Turquia, França e EUA hesitam diante dos riscos de uma intervenção militar. Embora tenha elevado o tom das críticas à violação dos direitos humanos no país, o Brasil não tem intenção de fechar a embaixada na Síria e continua acreditando numa solução negociada para a crise.

O capitão rebelde se irrita. “Depois de tantos mortos pelo regime, é absurdo acreditar que a negociação ainda é possível”, diz Wawi.
Ele reitera que só uma intervenção militar porá fim à violência do regime e não se assusta com os riscos de uma interferência externa.

“A verdade é que já existe uma intervenção estrangeira na Síria. Irã e Rússia têm bases militares no país e o [grupo xiita libanês] Hizbollah atua livremente”, completa.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. paul comentou em 29/05/12 at 18:26

    A mesma que lutou armada contra a ditadura militar no Brasil não tem corajem e expulsar os diplomatas sírios que estão no brasil !!

  2. Hafiz comentou em 13/04/12 at 14:39

    Revolução no Brasil? huahauauu!!! Essa é boa! Não teve, não tem nenhuma ocorrendo e nunca irá acontecer!

    Simples como bolo de fubá! rs! Não temos essa ‘belicidade’ de outros povos! Preferimos convidar os nossos inimigos pra uma ‘pelada’ com muita cerveja (haram!!!) e refrigerantes, churrasquinho e descer p@#$$%da na canela deles!!! hihihi!!!

    A guerra é para os fracos! Manter a paz é com os mais fortes, mais adaptados e mais flexíveis: mais inteligentes(?)

    Saudações Tricolores!!!

    Salaam!!!

  3. Benny Assayag comentou em 24/03/12 at 18:21

    É difícil acreditar que o mesmo Lula que foi combatido e até preso pelo regime militar tenha se aliado a tiranos da espécie de Fidel Castro, de Kadaffi, de Ahmadinejad, Chaves e Bashar Al Assad. Mais difícil ainda fica acreditar que a Dilma ‘Sangue Novo’ Roussef siga, cegamente e sem nenhuma crítica, o mesmo caminho do “Mestre” Lula, sob aplausos de uma minoria de esquerdistóides que nem sabem onde Cuba se localiza no mapa.

  4. Neuza comentou em 20/03/12 at 13:01

    Todos dizem “ter lutado contra a ditadura militar” , mas a favor do que? Com um governo que apoia ditadores,(CUba, Irã, Líbia, Síria) é dificil acreditar que lutaram a favor da democrácia.

  5. Silvino comentou em 20/03/12 at 3:08

    A orientação diplomática iniciada pelo Lula está sim na vanguarda como diz a Maria do Rosário. Só que na vanguarda do atraso. Aquele gênio que se aposentou achava o máximo estreitar laços com figuras como Gadafi, Al Asad e Ahmadinejad. A brilhante intuição do Itamaraty deve ser uma coisa demasiado profunda para a compreensão de nós, pobres mortais.

  6. marcelo rahal comentou em 19/03/12 at 20:03

    Politica externa brasileira vergonhosa desde epoca Lula permanecendo na era Dilma

  7. rogerio comentou em 19/03/12 at 19:53

    Lamentável, Sr. Marcelo. Não escrevi qualquer palavra ofensiva, apenas me permitir discordar da sua parcimonio e assaz unitarel materia. Pelo menos tenha a honradez de alertar que não se trata de uma materia de cunho jornalisticos, mas, de uma PROPAGANDA IDEOLÓGIA. Assim, pessoas como eu não irão desperdiçar seu tempo com esse tipo de lixo

  8. rogerio comentou em 19/03/12 at 15:23

    Seus comentarios são no minimo extravagantes … como pessoas armadas que tentam derrubar um regime que, bem ou mal, governa um Pais, podem ser classificados com “oposição” ??? não seria eles terroristas ??? O que o Brasil, uma democracia que já foi vítima do intervencionismo Estadunidense tem há ver com esse campanha perpetrada pelas decadentes potencias ocidentais ??? Se vc não tinha coisa melhor para escrever, deveria ter ficado calado.

    • Marcelo Ninio comentou em 22/03/12 at 14:03

      Rogério, a revolta contra o regime Assad começou de forma pacífica e só depois ganhou contornos de guerra civil, com civis e desertores do Exército reagindo de forma violenta à repressão das forças de segurança. É possível que haja terroristas infliltrados entre os rebeldes, mas não são eles que começaram a revolta. Felizmente, como você lembrou, o Brasil é uma democracia (ao contrário da Síria), e ninguém precisa ficar calado.

      • Eduardo Lima comentou em 13/04/12 at 11:01

        O senhor não respondeu ao “capitão” sírio que o Brasil tem por tradição não apoiar intervenções em assuntos internos dos países e que essa vem sendo a direção da diplomacia brasileira desde nem sei quando? O que não queremos para nós não queremos para os outros. O que se está criando na África e Oriente Médio é mais um monte de nações governadas pela lei islâmica. Ruim antes, péssimo agora, pior depois. Mas esperar que um jornalista defenda o Brasil é esperar demais.

  9. Junior comentou em 19/03/12 at 14:09

    O que ele quis dizer com revolução no brasil?

    O Catar e a sua turma vem para cá?

    • Marcelo Ninio comentou em 19/03/12 at 20:59

      Junior, ele quis dizer que os brasileiros farão uma revolução se o governo continuar a apoiar ditaduras como a síria. Claro, foi um exagero calculado para aumentar o impacto da insatisfação dele com a Dilma.

      • Junior comentou em 20/03/12 at 8:51

        Se forem os Militares fazendo uma revolução até vai, mas pelo andar da carruagem quem pode mesmo fazer algo assim por aqui, são os índios com a ONU.

        • Hafiz comentou em 13/04/12 at 14:44

          Poxa, militares? Não dá, não!!! Militarismo…já era!!! Disciplina e hierarquia, sim; mas com respeito e educação!!!

          Salaam!

  10. Fábio BV comentou em 19/03/12 at 13:18

    O Capitão rebelde tem razão, não é possível uma negociação pacífica na Síria após as atrocidades cometidas por Assad contra civis. O enviado da ONU Kofi Annan admitiu que um acordo de cessar-fogo levará tempo. Além disso, a instalação de minas terrestres em rotas de refugiados próximo a fronteira com o Líbano viola o “Tratado contra Minas”, devendo tal ação ser condenada pela ONU e demais países defensores dos Direitos Humanos inclusive o Brasil.

  11. Carlos Gonçalves comentou em 19/03/12 at 10:16

    A guerra é uma atrocidade contra quem jamais deveria cometê-la. Mas os homens, em seus vis interesses mesquinhos, não a abandonam. Mas estatísticas devem refletir a realidade: por que só o regime é dito como atroz? Os rebeldes nunca mataram ninguém? Os EUA, no Iraque, mataram centenas de milhares iraquianos, mas só contaram os mortos pelo regime de Saddan Hussein.

  12. Sergio Dourado comentou em 19/03/12 at 9:35

    Amigo,se vc está decepcionado c Dilma,imagina quem tem q engolí-la alguns anos?!

  13. Silvino comentou em 19/03/12 at 1:23

    A Rússia fornece armamento e assessoria militar à Síria, então quando que eles deixarão de vetar uma intervenção internacional? Os Chineses do PC decerto têm medo de que a onda democrática acabe por respingar por lá também. Enquanto isso a nossa ministra dos direitos humanos vai à ONU dizer que o Brasil rejeita intervenção militar e entrega de armas a qualquer lado. Ótimo. Só que um dos lados não precisa delas porque está esmagando o outro com as de que dispõe. Bombardeia, tortura e coloca minas RUSSAS no caminho da população civil que quer fugir desse inferno.
    Sem apoio externo, a oposição síria está condenada. O presidente americano falou que a queda de Asad não é uma questão de “se” mas sim de “quando”. Vamos ver se falou demais, então.

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailmarcelo.ninio@grupofolha.com.br

Buscar

Busca
Blog dos Correspondentes
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).