Síria, Ruanda e a impotência do mundo
15/03/12 13:04A revolta na Síria completa hoje um ano, o número de civis mortos pelas forças de segurança se aproxima rapidamente de 10 mil, e o mundo assiste, impotente.
Uma intervenção militar como a feita na Líbia é considerada inviável, dada a complexidade geopolítica e as dificuldades operacionais. A Síria não é a Líbia, repetem os que alertam para os riscos de uma intervenção, incluindo o Brasil.
De fato, as diferenças são muitas, a começar pela ausência de consenso internacional. No caso da Líbia, a Liga Árabe defendeu a intervenção e abriu caminho para que ela fosse aprovada no Conselho de Segurança da ONU. Agora, o órgão regional hesita em apoiar uma ação armada e o regime sírio conta com Rússia e China para vetar na ONU ações coercitivas, como sanções.
A resistência de alguns países, particularmente os BRICS (Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul), é explicada em parte pelo que ocorreu na Líbia, onde a intervenção liderada por França, Reino Unido e EUA excedeu o mandato original, de proteger a população civil, e na prática virou uma missão para mudar o regime.
Além disso, mesmo os países que defendem a saída do ditador sírio, Bashar Assad, reconhecem que uma intervenção na Síria seria infinitamente mais difícil. Se fosse simples, disse-me recentemente um diplomata europeu, já teria sido feita. O Exército de Assad é bem mais forte e coeso que o de Gaddafi e conta com artilharia antiaérea fornecida pela Rússia com capacidade para infligir sérias baixas na aviação inimiga.
Isso sem falar no risco de envolvimento do Irã, principal aliado de Assad, e de uma potencial guerra ampliada na região.
Para complicar tudo ainda mais, a fragmentação da oposição e as divisões sectárias da população síria tornam o cenário pós-Assad um mar de incerteza. A Síria não é a Líbia, mas pode virar o Iraque.
Tudo isso explica a relutância em lançar uma ofensiva contra o regime sírio, porém não justifica a falta de ação. Dezoito anos depois do massacre em Ruanda, a comunidade internacional ainda não tem instrumentos eficientes para proteger civis sem gerar excessos.
O consenso é importante para evitar ações unilaterais e abusos no uso da força, o perigo é que a demora em acançá-lo dê tempo e impunidade aos que cometem massacres.
Como escreveu há poucas semanas o ex-chanceler australiano Gareth Evans, um dos principais defensores da responsabilidade da comunidade internacional em intervir para proteger vidas, no caso da Síria, o consenso poderá vir tarde demais.
É… a Síria não é a Líbia… não vai dar para Obama e Sarkozy assassinarem o presidente sírio.
Sim, os responsáveis pelo assassinato de Kadafi foram os que bombardearam a Líbia até arrasarem com todas as defesas e matarem muita gente, e ai ficou fácil para executarem Kadafi.
Os mandantes do crime são Obama e Sarkozy, mas, com certeza, a hipocrisia da “comunidade internacional” não vai reparar neste fato.
Bom, mas na Síria os dois covardes não tem coragem para fazer o que gostariam de fazer….
Mas, com certeza estão dando armas e dinheiro para o “exército sírio livre”.
Na verdade, não interferem porque não querem. Ameaçam o Iran roda hora, porque esse país é estratégico. Uma intervenção rápida mira Bashar el Assad seria facílima com os recursos existentes. A imobilidade tem outras explicações.
A análise está correta,so que esqueceu
do principal:a Síria não tem petróleo.
É importante dizer que a comunidade internacional, “EUA, INGLATERRA, FRANÇA,etc”, não estão pensando na população civil, mas sim na questão de proteção de seus interesses, diga-se, ISRAEL, portanto é ridículo dizer que estão preocupados com os civis, se isto fosse verdade, onde estão as grandes potências, na questão do povo de GAZA, que todo dia é bombardeado, humilhado, e com atrocidades bem piores, que esta na SÍRIA, isto é claro não defendendo regime de opressão. Mas as potências devem parar de estabelecer, quem é o terrorista da história, e ter vergonha na cara de apoiar tudo que for certo.
Eh isso. Mas esse eh o tipo de cenario onde vao reclamar dos paises da OTAN nao importa qual for a decisao tomada. Intervencao ou nao, inclusive os proprios Sirios vao reclamar em momentos diferentes, agora se nao intervirem e mais tarde se intervirem. O Oeste sempre sera o vilao. Nesse caso nao existe uma possibilidade de WIN-WIN ou uma guerrinha facil pro oeste como na Libia. Nesse caso o custo, nao so financeiro, eh alto demais. A triste licao eh de que tem que entrar pra ganhar e pagar o preco a despeito de quem vem ajudar ou nao. Talvez a ajuda venha mas talvez nao venha, infelizmente…