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Dilma e a ambição nuclear do Brasil

Por Marcelo Ninio
08/03/12 14:31

HANNOVER, ALEMANHA – Em sua visita a Hannover, a presidente Dilma Rousseff não se abalou com os protestos de ativistas nem com a indecisão da Alemanha sobre o prometido financiamento para a usina nuclear de Angra 3.

O Brasil irá fazer a usina, reiterou Dilma, “até porque já gastou muito dinheiro nisso”. E fez questão de frisar: “Não temos uma posição de demonização da energia nuclear.”

Foi um recado aos ativistas, mas em meio à escalada de tensão em torno do programa atômico iraniano, se encaixa também na posição do Brasil sobre o direito do país persa (e de qualquer outro) de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos.

Ao contrário do Brasil, o assunto desperta intenso debate político na Alemanha. No ano passado, depois do tsunami que causou um vazamento radiotivo no Japão, o governo alemão anunciou que fechará todas as suas usinas nucleares até 2022.

Sob o governo Lula, o Brasil virou protagonista do debate sobre o Irã, costurando um acordo junto com a Turquia em 2010 que daria garantias ao mundo sobre o caráter pacífico do programa, como afirma o governo iraniano. O acordo não foi levado a sério pelas potências ocidentais, o que muitos hoje, inclusive nos EUA, consideram ter sido um erro.

Voltando ao Brasil, permanecem as indagações sobre a necessidade de construir Angra 3, prevista para entrar em funcionamento em 2016. Principalmente levando-se em conta que só 2% da energia consumida no Brasil é nuclear, como lembrou a própria Dilma em Hannover.

Ninguém acha que o Brasil precisa provar que seu programa atômico é pacífico. Mas o governo deve uma explicação mais convincente sobre a necessidade de um projeto que, além do custo, estimado em R$ 9 bilhões, implica em óbvios riscos ambientais, como mostrou a usina de Fukushima. Dizer que Angra 3 será construída porque já se gastou muito dinheiro nele não é suficiente.

A transparência é essencial, sobretudo numa área tão sensível. Alguns aspectos do programa nuclear brasileiro permanecem até hoje obscuros. Um exemplo é a colaboração do regime militar com o Iraque de Saddam Hussein nos anos 80. Alguns pesquisadores veem indícios de que o Brasil forneceu urânio ao Iraque com fins militares, o que foi negado pelos dois países.

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Comentários

  1. odilon pontes geraci comentou em 20/03/12 at 16:32

    …por que nunca falam dos termos do Tratado de Não Proliferação???… O que diz lá?… 1º quem tem arma nuclear vai deixar de ter;… 2º quem não tem, nunca vai ter; mas tem o direito de desenvolver ou comprar tecnologia para produzir energia e enriquecer urânio até 20%;… 3º
    quem esá fora do tratado deve sofrer sansôes…. E quem está fora do tratado?… A Índia, que é ajudada pelos Estados Unidos, o Paquistão, que é ajudado pela China, a Coréia do Norte, que não é ajudada por ninguém e Israel, que é ajudado por todos… Por que esses 4 não sofreram e não sofrem sansões?… é um mistério…

  2. Neuza comentou em 20/03/12 at 14:04

    Acho importante a energia nuclear, mas para isto deve haver investimento no estudo da mesma e na evolução do sitema de segurança e proteção. Demonizar a energia nuclear realmente ñ é racional, mas sim domina- la e usa- la p/ o bem da humanidade.

  3. bento comentou em 19/03/12 at 8:14

    O Brasil deve sim seguir adiante no programa nuclear. Dilma está certa. Demonizar a energia nuclear é coisa desse pessoal das trevas que a gente já conhece bem.

  4. luis henrique comentou em 16/03/12 at 21:13

    O Brasil deveria construir sua bomba já, quem possui armas nucleares não vive sendo achacado, a conversa é diferente

  5. luis henrique comentou em 16/03/12 at 21:13

    O Brasil deveria construir sua bomba já, quem tem possui armas nucleares não vive sendo achacado, a conversa é diferente

  6. Raimundo Nonato Moura comentou em 15/03/12 at 23:23

    Defendo que o Brasil continue avançado na produção de energia nuclear, como acho perfeitamente justificado, o domínio de tecnologia para produção de artefatos militares nucleares. O Brasil, na condição de ex-país do futuro, detentor de riquezas estratégicas tem o dever de ampliar suas forças militares dando-lhes modernização tecnológica e bélica. Uma casa mal protegido, facilmente é arrombada por ladrões. Os sonhadores deveriam perguntar aos EUA se eles abririam mão do seu poderia nuclear.

  7. Rosemar comentou em 13/03/12 at 10:44

    Marcelo,
    O governo da Alemanha anunciou que desativara suas usinas nucleares (para ganhar as eleições), mas comprara energia das usinas nucleares francesas.
    A matriz energetica do Brasil é hidraulica, porém se ficarmos 2 anos sem chuvas fortes, como já ocorreu nos anos 90, adeus energia.
    As pessoas ditas ecologicamente corretas não querem hidreletricas, termoeletricas, nucleares, mas querem o carro eletrico. Ó senhor, onde tirar energia para estes carros e o resto da industria e residencias?
    Favor reflita, pois a quantidade de energia do País esta no limite e o governo Federal realmente precisa tomar providencias.
    Ah, e não venham com a balela da eolica e solar como o comentario da Miriam Leitão (Globo) que são caras e pouco eficientes e servem apenas como complemento.
    Com relação a armas atomicas todos os paises dos BRIC’s (Brasil, Rússia, India e China) a possuem, menos o Brasil. A busca da PAZ não nos permiti abirr mão de nossa defesa, poder de desencorajar maus intencionados (Amazonia, Pré Sal, Agua doce, etc)
    Até paises com economias minusculas como Paquistão e Israel possuem esta armas, que não deveriam existir para ninguém, mas infelizmente existem.
    Não podemos ser como os Maias, Astecas e Incas diante dos espanhois com armas de fogo (1500).

    Por favor reflita.

    • Marcelo Ninio comentou em 14/03/12 at 10:08

      Rosemar, não sou contra a energia nuclear, só acho que o assunto precisa de mais debate. Demonização não, transparência sim. Claro que um país como o Brasil, considerado modelo no uso pacífico de energia nuclear, precisa ter recursos de defesa à altura de seu tamanho e importância. Inclusive, entendo os que questionam a adesão do Brasil ao Tratado de não-Proliferação de Armas Nucleares, que cria uma situação desigual entre os países que podem e os que não podem ter armas atômicas. Sobre Angra 3, há intenso lobby econômico por trás da construção de novas usinas no país e muito dinheiro envolvido nisso, como disse a própria presidente Dilma. Mas se há alternativas mais baratas e com menos riscos à saúde e ao meio ambiente, como apontam vários especialistas brasileiros, elas merecem uma discussão, não acha? Um abraço.

  8. Arthur Miranda comentou em 13/03/12 at 9:56

    Não vejo o motivo desta celeuma acerca do nosso programa nuclear….nós já temos o conhecimento necessário para produzir uma boma simples, de até 10 megatons com bastante tranquilidade…esses gringos possuem a péssima mania de tentar tutelar aqueles que els consideram “bad guys”, ou seja, que não se sujeitam aos seus desígnios divinos…tenha a santa paciência….o Brasil já devia ter um potencial militar muito maior do que temos hoje, inclusive com arsenal nuclear…bem fizeram India, Paquistao e Israel, que não assinaram o TNP e deram uma banana para a ONU e as grandes potências…chega de servilismo!

  9. Anderson comentou em 12/03/12 at 13:27

    Acho que o senhor não sabe nem do que está falando. Tem que dizer algo polemico pra chamar a atenção, mas na verdade nem sabe direito do que setrata e de como funciona. É uma pena que a nossa midia tenha se tornado fonte de desinformação.

    • Marcelo Ninio comentou em 12/03/12 at 15:39

      Anderson, já sei o que você acha do autor do blog e da mídia brasileira, mas não deu para entender o que pensa sobre o assunto tratado no post. Mesmo se você não for um especialista em energia nuclear, fique à vontade para expressar sua opinião.

  10. Roberto comentou em 11/03/12 at 16:01

    Olá,

    Não sei se acontece com todos os blogs, mas os textos poderiam estar justificados. Assim facilita a leitura e melhora a visualização.

    Excelente blog, Marcelo.
    Como estudante de árabe no Brasil, um dia visito estes países.

  11. Sergio Canella comentou em 11/03/12 at 10:08

    Marcelo, os riscos geológicos do sítio de Fukushima são muito maiores que os de Angra dos Reis. Além disso, a tecnologia PWR, utilizada em Angra, é muito mais segura que a BWR utilizada em Fukushima. Há mutio emocionalismo contaminando essa discussão. Nos EUA recentemente foi emitida licença de instalação de uma central nuclear. O mundo, com o vagar, vai entender que se existia um lugar onde centrais nuclearex não deveriam ser instaladas esse lugar é o Japão.

  12. Bruno comentou em 10/03/12 at 19:33

    nunca se contenta os ecologistas.
    eles não querem belo monte, não querem angra.
    mentem por ai que o papel devasta florestas, quando na verdade ele vem da agricultura do eucalipto, assim como o milho, o alface e o feijão.

    então que eles se mudem para as cavernas!

  13. leitor comentou em 09/03/12 at 21:38

    Marcelo, basta ler a própria Folha para saber que esse acordo não passou de uma tentativa iraniana de ganhar tempo.
    O acordo de Brasil, Irã e Turquia não diminuiria os estoques de urânio do Irã a níveis que inviabilizassem a produção de uma bomba.
    Quando a proposta foi feita inicialmente, o envio de urânio para o exterior inviabilizaria a produção da bomba pelo Irã. Seis meses depois, quando Brasil e Turquia atuaram, os estoques iraniano já eram muito maiores e a quantidade prevista pelo acordo para ser enviada para o exterior já não inviabilizaria uma eventual bomba iraniana.
    Se o Irã quisesse realmente estabelecer confiança com a comunidade internacional, já teria permitido inspeções, parado de ameaçar Israel, parado de financiar grupos terroristas, parado de promover atentados no exterior. Mas nada disso vai acontecer porque o regime iraniano é uma ditadura teocrática que atua de acordo com valores completamente diferentes dos nossos. É um regime que aguarda o retorno de um Messias. É um regime cujo líder (um religioso!) emite sentenças de morte (as fatwas, vide Salman Rushdie). É um regime que condena o uso de gratavas porque elas são decadentes e anti-islâmicas.
    Quem lamenta o tal acordo Brasil-Turquia-Irã ter fracassado é porque não entendeu ainda a natureza iraniana. Assim como Chamberlain não tinha entendido a natureza do nazismo.
    A diferença entre os programas nucleares de Brasil e Irã está na natureza dos dois países. O Brasil é uma democracia pluralista sem envolvimento com terrorismo e que não ameaça ninguém. O Irã é exatamente o oposto.

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